AMBLIOPIA
A ambliopia, ou olho preguiçoso, é uma doença puramente funcional — ou seja, não apresenta anomalia estrutural — que se caracteriza pela redução ou perda da visão em um ou em ambos os olhos. Ocorre por uma deficiência na maturação do sistema nervoso central, que acontece até os 6 ou 7 anos de idade. Contudo, caso não seja tratado a tempo, a condição se torna irreversível.
Causas
Refracional: quando um dos olhos possui erros severos de refração, como miopia, hipermetropia ou astigmatismo.
Estrábica: ocorre quando a criança apresenta estrabismo (olho torto).
Por privação: ocorre em algumas doenças ou condições, como catarata, queda palpebral (ptose) ou hemangiomas.
Sintomas
Refracional: é gerada uma imagem muito embaçada, o que faz com que o cérebro processe apenas a imagem gerada pelo olho normal.
Estrábica: a criança “usa” apenas um dos olhos (o que está alinhado) e o olho desviado não se desenvolve pois o cérebro precisa suprimir a imagem deste para que a criança não apresente visão dupla.
Por privação: ocorre a partir de doenças que impedem a formação da imagem nítida na retina.
Diagnóstico
É muito importante que o diagnóstico seja precoce para que haja chances de que a ambliopia seja revertida. Para diagnosticá-la, as crianças devem se submeter a um exame oftalmológico completo com refração (teste de grau), biomicroscopia e fundoscopia.
Tratamentos
Devemos primeiramente corrigir a causa, propiciando imagem retiniana clara, com o uso de óculos, cirurgia de catarata entre outras. Em seguida, devemos estimular a criança a usar o olho preguiçoso, o que geralmente é feito com o uso de oclusores oculares (tampão) sobre o olho bom. É importante que a ambliopia seja tratada até os 7 anos de idade para que não se torne irreversível.
CATARATA
A catarata é uma doença que provoca opacidade ou perda da transparência parcial ou total do cristalino (lente natural do olho), levando à diminuição progressiva da visão.
Causas
A catarata pode ser congênita, quando o bebê nasce com o cristalino opacificado; secundária, quando há fatores que desencadeiam a formação da catarata, como diabetes, trauma ocular, inflamações oculares (uveítes) e uso de algumas medicações como corticosteroides; e senil (envelhecimento).
Sintomas
No início, a catarata pode ser assintomática e — conforme a opacificação do cristalino aumenta — vão surgindo os sintomas como turvação visual, mudanças frequentes na prescrição dos óculos, diminuição da sensibilidade às cores e ao contraste e piora da visão à noite. Quanto maior o grau de opacificação do cristalino, pior as queixas relacionadas a visão.
Diagnóstico
O diagnóstico de catarata é simples e suspeitado durante a consulta oftalmológica de rotina. Alguns exames são frequentemente necessários para classificação da catarata, planejamento cirúrgico e detecção de outras doenças oculares associadas. Os principais exames são teste de acuidade visual, biomicroscopia, mapeamento de retina, topografia corneana, microscopia especular e biometria.
Tratamentos
A cirurgia é o único método eficaz para tratar a perda de visão causada pela catarata. O procedimento consiste na remoção do cristalino e implante de LIO – lente intraocular. Atualmente, existem lentes intraoculares modernas e que, quando bem indicadas, podem corrigir o grau do paciente para perto e para longe (lentes multifocais) trazendo independência do uso dos óculos. A cirurgia de catarata é pouco invasiva, rápida e realizada com anestesia local, sendo a facoemulsificação a técnica mais moderna utilizada, podendo ser associada ao laser chamado femtossegundo. A introdução da tecnologia do laser de femtossegundo para realização da cirurgia de catarata veio trazer maior previsibilidade ao procedimento e contribuir para o resultado visual obtido com o implante da lente intraocular multifocal.
DEGENERAÇÃO MACULAR RELACIONADA À IDADE
A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é uma doença da retina que afeta a área central da visão, chamada mácula. A mácula é a região mais nobre da retina e é responsável pela visão central de detalhes. Nesta doença estão presentes depósitos — chamados drusas — causados por deficiência no metabolismo da retina e que podem ser identificados a partir do exame de mapeamento de retina. Esses depósitos são indicativos do início da doença, sem necessariamente evoluir para sintomas visuais. A DMRI é considerada uma das principais causas de cegueira em pessoas com mais de 50 anos de idade.
Causas
O surgimento da DMRI está ligado a fatores genéticos e hereditários, mas questões relativas ao metabolismo e ao ambiente também devem ser consideradas. As pessoas de pele clara (caucasianas) são mais propensas ao seu desenvolvimento, mas os maiores fatores de risco são o envelhecimento e a hereditariedade. Hábitos como tabagismo, exposição excessiva à radiação solar e dieta rica em gordura também favorecem a degeneração da mácula e devem ser evitados.
Sintomas
No início a doença é assintomática, ou seja, sem sintomas. Silenciosamente, evolui com distorção da visão central, piora da visão para perto, mancha escura no centro da visão (escotoma central) e até perda da visão.
Diagnóstico
O principal exame para diagnóstico da degeneração macular relacionada à idade é o mapeamento de retina. A retinografia e a tomografia de coerência óptica de máculas (OCT de máculas), assim como o exame contrastado chamado angiofluoresceinografia, também são necessárias para o diagnóstico, classificação e seguimento durante o tratamento.
Tipo da doença
Existem dois tipos de DMRI. A seca ou atrófica é a forma mais comum da doença, responsável por cerca de 90% dos casos. Nela, as drusas estão localizadas na região macular e podem evoluir para atrofia da retina (atrofia geográfica), levando à perda da visão central. Já a DMRI úmida ou exsudativa é a forma mais grave da doença. Neste caso há formação de uma neovascularização chamada membrana neovascular sub-retiniana, ou seja, a formação de novos vasos sanguíneos anormais sob a retina causando edema (“inchaço”) na retina, sangramentos e formação de cicatrizes.
Tratamentos
Os tratamentos variam de acordo com a forma da DMRI (seca ou exsudativa) e do estágio de evolução das lesões no fundo do olho. Na fase seca da doença, são recomendados suplementos vitamínicos com dose adequada de antioxidantes como a luteína e zeaxantina. Já na fase exsudativa são necessárias aplicações de medicações intravítreas que agem impedindo a atividade da membrana neovascular. Essas medicações são chamadas antiangiogênicos (ranibizumabe, bevacizumabe aflibercept).
DESCOLAMENTO / DEGENERAÇÕES DA RETINA
A retina é uma fina estrutura de tecido nervoso que reveste a parte interna do olho. Quando uma fração ou a totalidade da retina se desprende da parte posterior do olho, há o chamado descolamento da retina. As células nervosas na retina normalmente detectam a luz que entra nos olhos e enviam sinais sobre o que o olho vê para o cérebro. Quando a retina se descola esse mecanismo não funciona corretamente, podendo haver manchas escuras na visão e perda parcial ou total da visão, dependendo da extensão do descolamento.
Causas
Rasgos ou buracos na retina: se a retina furar ou rasgar, o líquido do próprio olho — chamado gel vítreo — pode entrar abaixo dela e descolá-la. Esse tipo de descolamento de retina é chamado de regmatogênico. Isso pode ocorrer espontaneamente ou ser causado por trauma na cabeça ou nos olhos ou por algumas doenças oculares associadas.
Tração na retina: os descolamentos de retina provocados por deslocamento são chamados de tracionais. Eles ocorrem quando há um mecanismo de tração sobre a retina e a sua causa mais comum é a retinopatia diabética proliferativa, uma condição que conduz ao crescimento de tecido fibrovascular, que pode atuar sobre a retina exercendo tração e o descolamento.
Formação de líquido sob a retina: nesse tipo de descolamento de retina — chamado exsudativo ou seroso — o próprio olho produz o líquido que se acumula sob a retina devido a alterações na função reguladora de duas camadas: o epitélio pigmentar da retina e a coroide. Ele pode ser causado por doenças inflamatórias oculares, doenças sistêmicas, tumores intra ou extraoculares e até uso de algumas medicações.
Sintomas
No início, o descolamento de retina pode ser silencioso ou com poucos sintomas. Os mais comuns são manchas móveis e escuras na visão parecidas com moscas volantes e flashes de luz ou faíscas. Quando a retina já está descolada, é percebido um sombreamento ou mancha escura no campo de visão, visão turva e perda súbita da visão. O descolamento de retina é uma situação de urgência, uma vez que o indivíduo pode perder definitivamente a visão em decorrência desse problema. Portanto, é importante procurar atendimento médico oftalmológico se você notar qualquer um dos sintomas.
Diagnóstico
O diagnóstico do descolamento de retina é feito com exame clínico chamado mapeamento de retina com dilatação pupilar. O médico utiliza um aparelho com um foco de luz e uma lente de aumento para fazer o exame para observar as bolsas de líquido no tecido e se há trações, rasgos ou buracos no mesmo.
Outros testes incluem:
• Ultrassonografia, caso haja hemorragia vítrea, catarata ou qualquer alteração oftalmológica que impeça a visualização da retina pelo mapeamento de retina.
• Angiofluoresceinografia e tomografia de coerência óptica (OCT de máculas), nos casos de descolamento de retina do tipo tracional e seroso.
Tratamentos
Clínico: nos casos de descolamento de retina do tipo seroso, o tratamento clínico observacional ou com medicações pode ser necessário.
GLAUCOMA
O glaucoma é uma doença do nervo transmissor das imagens — o nervo óptico — que pode resultar em perda irreversível de campo visual. É a terceira maior causa de cegueira no Brasil. Sua incidência é estimada em 1% a 2% da população geral, podendo chegar a 6% ou 7% após 40 anos de idade. Estima-se que existam cerca de um milhão de brasileiros com glaucoma, dos quais 70% são assintomáticos, o que realça a importância do exame oftalmológico para diagnóstico precoce, evitando a cegueira e consequente perda da qualidade de vida e da independência do indivíduo.
Causas
Os dois principais tipos de glaucoma são o de ângulo aberto, que corresponde a cerca de 80% dos casos, tende a ser hereditário e se desenvolve de forma lenta, gradual; e de ângulo fechado (agudo), provocado pelo bloqueio súbito dos canais lacrimais que podem ocasionar dores de cabeça, dor no olho, auréolas de arco-íris ao redor das luzes, náusea e vômitos.
Sintomas
Como o glaucoma na maioria das vezes é assintomático, o diagnóstico geralmente é realizado em uma consulta de rotina que pode identificar se já houve lesão no nervo óptico, causando perda progressiva de feixes de axônios das células ganglionares da retina e dos tecidos de sustentação (astroglia) desse nervo. Vários estudos evidenciam que grande número de pacientes só são diagnosticados quando danos anatômicos e funcionais já atingiram níveis avançados. Segundo o Consenso Brasileiro de Glaucoma de Ângulo Aberto, a periodicidade com que o paciente deve fazer os exames oftalmológicos para acompanhamento depende de vários fatores: a fidelidade ao tratamento, a gravidade do glaucoma e a expectativa de que a pressão intraocular esteja controlada.
Diagnóstico
Alguns testes são fundamentais para diagnosticar a presença de glaucoma, a exemplo do exame do fundo do olho, do mapeamento de retina, da medida da pressão intraocular (tonometria), da espessura da córnea (paquimetria) e exame de campo visual. A depender do caso, é preciso avaliar as variações da pressão intraocular fazendo a sua medição fazer em diferentes horas do dia com um teste chamado Curva Tensional Diária (CTD). Outros exames podem ser solicitados pelo médico de acordo com a necessidade.
Tratamentos
Apesar de não ter cura, o glaucoma pode ser controlado e, por isso, é essencial seguir à risca o tratamento médico que for recomendado pelo especialista, que pode indicar a necessidade do uso de colírios, da aplicação de laser ou de cirurgias para controle da doença.
PTERÍGIO
Pterígio, popularmente chamado de “carne crescida”, é uma lesão benigna causada pelo crescimento fibrovascular da conjuntiva em direção à córnea. A conjuntiva é o tecido que reveste a esclera (parte branca dos olhos). Geralmente o pterígio cresce de forma lenta ao longo da vida, podendo se agravar e acometer o centro da córnea na área pupilar (eixo visual), afetando a visão.
Causas
As causas não foram complemente esclarecidas, mas sabe-se que fatores genéticos, juntamente com fatores ambientais, podem favorecer o surgimento e agravamento do pterígio. Dentre os fatores ambientais encontra-se a exposição ao sol, poeira e vento. Os raios ultravioletas (UVA e UVB) e a irritação crônica dos olhos aparentemente exercem um importante papel na etiologia do pterígio, que tem sua maior incidência em regiões tropicais, onde o clima é mais ensolarado.
Sintomas
Geralmente o pterígio se localiza na região conhecida como fenda palpebral — a faixa exposta entre as pálpebras —, e na conjuntiva nasal (lado próximo ao nariz) ou temporal (lado próximo a orelha) é comum apresentar olho vermelho e irritação ocular. Quando pequeno, o pterígio não afeta a visão, mas com o seu crescimento pode haver indução de astigmatismo com piora da visão.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito pelo oftalmologista no exame de rotina.
Tratamentos
É recomendada proteger os olhos com o uso de óculos escuros com proteção contra os raios ultravioletas (UVA e UVB) e/ou lágrimas artificiais para evitar o ressecamento. Quando o pterígio apresenta inflamação, é possível utilizar colírios anti-inflamatórios para controle dos sintomas. Porém, o uso de colírios não é capaz de produzir uma regressão do pterígio. O único tratamento comprovadamente eficaz é a remoção cirúrgica. A cirurgia é indicada com o objetivo de que o pterígio não alcance a pupila ou deixe manchas de difícil remoção na córnea (leucoma), além de poder diminuir a visão ou se tornar antiestético. No entanto, mesmo com uma cirurgia bem executada, o pterígio pode ocorrer novamente. Existem diversas técnicas cirúrgicas disponíveis para tratar o pterígio. A mais recomendada consiste em remover a lesão (pterígio e tecido fibroso adjacente) e realizar um transplante de conjuntiva no local.
RETINOPATIA DIABÉTICA
A retinopatia diabética é uma doença vascular que ocorre na retina em pacientes portadores de diabetes mellitus. Ela é segunda causa de cegueira permanente e a primeira em adultos jovens. Nessa doença há alteração dos vasos da retina de forma progressiva com desenvolvimento de múltiplas alterações vasculares, como microaneurismas retinianos, micro-hemorragias, edema macular, neovascularização (formação de novos vasos) e hemorragia vítrea. Ela é classificada em retinopatia diabética não proliferativa leve, moderada, severa e muito severa e proliferativa.
Causas
Os fatores de risco mais importantes para o desenvolvimento e progressão da doença nos pacientes diabéticos são tempo de evolução do diabetes (no tipo 1, a retinopatia é rara antes dos 5 anos de evolução da doença, estando presente em 90% dos pacientes com 30 anos de doença. O tratamento intensivo com insulina retarda o aparecimento e progressão da retinopatia); hipertensão arterial sistêmica; colesterol alto (hipercolesterolemia) e tabagismo. Mulheres diabéticas, quando grávidas, também precisam de acompanhamento especial e devem realizar o exame de fundoscopia/ mapeamento de retina a cada 3 meses durante a gestação.
Sintomas
Os primeiros sintomas incluem moscas volantes, borrões, áreas escuras na visão e dificuldade de distinguir cores. Pode ocorrer cegueira.
Diagnóstico
Recomenda-se que todos os pacientes com diagnóstico de diabetes tipo 1 ou tipo 2 sejam avaliados pelo oftalmologista todo ano e submetidos ao exame fundoscopia ou mapeamento de retina para detecção precoce da retinopatia diabética. Se detectado sinais da doença, outros exames podem ser necessários, como o exame ecografia ocular, angiofluoresceinografia, retinografia e tomografia de coerência óptica de maculas (OCT de máculas).
Tratamentos
O tratamento envolve controle clínico rigoroso da glicemia, colesterol e pressão arterial, fotocoagulação, medicações intravítreas e vitrectomia. A fotocoagulação é um tratamento realizado a laser e que pode ser focal, no caso de edema macular diabético, ou como panfotocoagulação, no caso de retinopatia diabética proliferativa para controle da neovascularização. Ele geralmente é feito no consultório e com anestesia em forma de colírio. Nos casos de edema macular, além da fotocoagulação há medicações intravítreas como os corticosteroides (triancinolona, dexametasona) e antiangiogênicos (bevacizumabe, ranibizumabe e aflibercept) que agem reduzindo edema macular. Em casos mais graves de retinopatia diabética proliferativa com trações vitreorretinianas, descolamento de retina, hemorragias vítreas e membranas epirretinianas, a vitrectomia é necessária.
Dizemos que estamos perante um olho seco quando não existem lágrimas em quantidade e qualidade suficiente para manter os olhos lubrificados, podendo o problema afetar apenas um olho (unilateral) ou, então, os dois olhos (bilateral). Na maioria dos casos, o problema afeta os dois olhos.
Em determinadas ocasiões ou circunstâncias, o olho pode estar seco sem que exista qualquer problema ocular ou doença dos olhos. A poluição, o excesso de exposição ao sol, o vento, a exposição ao ar condicionado ou ambientes que de alguma forma tornem o ar mais seco, são fatores que podem atuar como facilitadores na evaporação das lágrimas e, deste modo, provocar secura nos olhos.
Ver televisão por longos períodos ou a utilização frequente de computador, telemóvel, tabletes, e outros dispositivos digitais também origina olho seco. Este facto, prende-se com a diferença existente entre o número de vezes que “piscamos” os olhos de uma forma habitual e quando utilizamos este tipo de dispositivos. Para além destes, outros fatores podem estar na origem do problema. Veja mais informação em fatores que contribuem para o olho seco e prevenção.
Síndrome do olho seco
Na síndrome do olho seco ou doença do olho seco não existe produção de lágrimas em quantidade suficiente ou, então, as lágrimas apesar de serem suficientes não possuem a qualidade necessária para manter os olhos lubrificados.
As lágrimas visam também proteger a superfície ocular das infeções e efeitos nocivos do meio ambiente. Estas contêm vitaminas, minerais, proteínas e lipídios. A presença de todas estas substâncias permite obter lágrimas de qualidade para hidratar, alimentar e lubrificar a córnea.
As lágrimas são produzidas pelas glândulas lacrimais, situadas atrás da pálpebra superior. Com o pestanejo, estas espalham-se e tornam a superfície corneana brilhante e transparente, formando o filme lacrimal.
O filme lacrimal é constituído por três camadas: lipídica, aquosa e mucina. A camada lipídica é a mais externa e impede a evaporação da lágrima, a camada mais interna é a mucina e permite adesividade do filme lacrimal à córnea, por sua vez, a camada mais espessa é a aquosa e é constituída por água.
O olho pode ser considerado seco não só pela falta de quantidade suficiente destes constituintes, mas também quando a qualidade está alterada. O olho pode estar seco não só pela quantidade destes constituintes, mas também se a qualidade estiver alterada.
Assim, se for confirmado o diagnóstico de síndrome de olho seco, o doente como tem má lubrificação ocular, o olho sofre uma espécie de agressão, traumatismo mesmo, com o pestanejo.
Quando ocorrem olhos secos ao acordar, provavelmente este problema estará relacionado com a síndrome ou doença do olho seco, isto é, existe uma diminuição da quantidade de lágrimas, essencialmente na produção basal, ou deficiência na qualidade das mesmas, nomeadamente, alteração da camada lipídica ou da mucina do filme lacrimal.
Sintomas
No olho seco, um dos sintomas mais frequentes é a vermelhidão e ardência ou comichão nos olhos. A produção excessiva de lágrimas (“olhos lacrimejantes”), a irritação excessiva do olho (ao fumo ou vento) e o desconforto e complicações com o uso de lentes de contacto são também dos sinais e sintomas mais frequentes nos olhos secos.
Os doentes, tipicamente, referem que sentem os olhos secos e vermelhos, acompanhado de ardor. Pode ocorrer visão turva ou “embaçada”, fundamentalmente, ao final do dia. Em algumas situações pode verificar-se dor nos olhos que pode ser mais intensa nos casos mais graves.
Os doentes que padecem da síndrome do olho seco sentem vários sinais e sintomas que podem causar bastante desconforto, fundamentalmente, na presença de olho seco severo.
Causas
As causas mais frequentes de olho seco são: a idade, menopausa, uso de computador de uma forma continuada ou excessiva, ar condicionado, uso de lentes de contacto e alguns medicamentos (diuréticos, anti-histamínicos, benzodiazepinas, antidepressivos, analgésicos, anticoncetivos, em algumas doenças oculares e em algumas doenças sistémicas, etc.). O olho seco pode ocorrer em pessoas de ambos os sexos e em qualquer idade, embora o sexo feminino seja o mais afetado. O diagnóstico deverá ser efetuado por um oftalmologista através de testes que medem a qualidade e a produção das lágrimas. Os testes são rápidos, indolores e não são invasivos.
Olho seco tem Cura?
A síndrome do olho seco não tem cura. Todavia, existem formas de controlo eficazes da doença que permitem restabelecer aos doentes uma vida perfeitamente normal. Saiba, em seguida, como tratar o olho seco.
Tratamento
O tratamento para olho seco passa essencialmente pela utilização de lágrimas artificiais em gotas (colírios) colocadas nos olhos várias vezes ao dia, consoante a necessidade. Por vezes, a utilização de colírios não é suficiente e pode ser necessário utilizar antiinflamatórios, antibióticos, entre outros, para um eficaz controle da doença. Em determinadas situações, a oclusão dos pontos lacrimais é útil, evitando a drenagem das lágrimas pelas vias lacrimais, permitindo a sua manutenção na superfície ocular.
O médico oftalmologista, com base na observação e exames efetuados, tomará a decisão sobre o tratamento para olho seco mais adequado a cada doente.
Os doentes para além do tratamento médico, devem evitar o contacto com os fatores de risco atrás enunciados, como o uso prologando e excessivo do computador (fazendo pausas por exemplo), evitar o ar condicionado, etc.
O astigmatismo é um erro refrativo num determinado eixo, em que a imagem na retina surge desfocada. O astigmatismo está entre os problemas de visão mais frequentes e que pode estar associado a outros erros refrativos ou doenças dos olhos, como veremos mais tarde.
Para melhor perceber o que é astigmatismo nos olhos ou astigmatismo ocular, observe as imagens ou fotos superiores. Com visão normal, a imagem é focada na retina e num único ponto de focagem. A retina tem um importante papel na visão, pois é esta que recebe as imagens e as transmite ao cérebro através do nervo ótico.
No olho com astigmatismo, os objetos são focados em mais do que um ponto, distorcendo desta forma a visão, isto é, as imagens sofrem uma distorção ao passarem pela córnea e, como tal, surgem desfocadas quando projetadas na retina. Consequentemente na visão com astigmatismo, as imagens transmitidas ao cérebro estão desfocadas ou distorcidas provocando visão turva ou visão “embaçada”.
Sintomas
As pessoas com astigmatismo ocular apresentam os seguintes sintomas: visão turva ao perto e ao longe, ou seja, os objetos mais próximos ou distantes, ficam distorcidos. O astigmata ou pessoa com astigmatismo, pode apresentar fadiga ocular (vista cansada) ou cefaleias (dor de cabeça), que são os sintomas de astigmatismo mais frequentes.
Numa fase inicial o astigmatismo poderá ser assintomático (sem sintomas), contudo, com o agravar da doença surgem os primeiros sinais e sintomas.
Causas
As causas do astigmatismo ocular são desconhecidas, estando, normalmente, o erro refrativo presente desde o nascimento. Normalmente, o defeito está na curvatura da córnea cuja forma é mais ovalada do que redonda. A curvatura da córnea é assimétrica, desfocando assim, a visão.
O astigmatismo pode também ser induzido por certas doenças dos olhos, como é o caso do ceratocone, pterígio, entre outras.
Dizemos que estamos perante um astigmatismo irregular, quando a curvatura da córnea é muito desigual. Por seu turno, designamos por astigmatismo regular quando existe, apenas, uma diferença de curvatura entre dois meridianos perpendiculares da córnea.
Estamos perante um astigmatismo simples quando o astigmatismo é o único erro refrativo existente ou perante um astigmatismo composto, quando este se encontra associado a outro erro refrativo, como a miopia ou a hipermetropia. Ou seja, podem ocorrer duas combinações:
· astigmatismo e miopia;
· astigmatismo e hipermetropia
Astigmatismo tem cura?
O astigmatismo não tem cura. Contudo, se forem tomadas as medidas adequadas de forma a corrigir o erro refrativo poderemos restabelecer aos doentes uma boa acuidade visual, compatível com as necessidades das suas tarefas diárias. Veja de seguida, como tratar ou corrigir o astigmatismo.
Tratamento
O tratamento para astigmatismo passa pela correção do erro refrativo. Qualquer astigmatismo pode ser corrigido através de óculos ou lentes de contato. A correção cirúrgica também é possível, recorrendo a laser (LASIK) ou operar com lentes intra-oculares.
O médico oftalmologista é o responsável por indicar o método mais indicado de correção de astigmatismo para um determinado doente, tendo por base diversos fatores, como sejam a idade, capacidade de adaptação aos óculos ou lentes de contato, valores do astigmatismo, etc.
Veja, em seguida, mais informação sobre como corrigir o astigmatismo, nomeadamente, tipos de lentes e cirurgia.
Cirurgia
A partir dos vinte anos de idade, caso o erro refrativo esteja estabilizado podemos realizar cirurgia de astigmatismo. A operação ou cirurgia tem como finalidade a correção do astigmatismo, restituindo desta forma uma visão normal aos doentes sem necessidade de uso de óculos ou lentes de contato. A cirurgia para astigmatismo pode ser efetuada com laser (cirurgia LASIK) até 6 dioptrias ou através de lente intra-ocular na câmara anterior ou posterior (se não tiver indicação para LASIK). Operar astigmatismo é na atualidade uma opção muito segura apesar de, à semelhança de qualquer cirurgia, existirem alguns riscos e complicações que devem ser considerados.
O astigmatismo pode ainda ser tratado com lentes intra-oculares, colocadas no saco capsular em doentes com mais de 45-50 anos, assim como a presbiopia e outros erros refrativos.
Nos doentes que padecem de astigmatismo e miopia juntos, a cirurgia de astigmatismo e miopia permite corrigir em simultâneo os dois erros refrativos. De igual modo, as técnicas utilizadas com mais frequência são o LASIK e lentes intra-oculares.
Os resultados cirúrgicos são ótimos, se tivermos em conta os exames complementares de diagnóstico, as indicações e contra indicações das técnicas cirúrgicas, baseados na idade, valores e estabilização do astigmatismo.
A uveíte é a inflamação da úvea, a camada média do globo ocular (inflamação intra-ocular). Para melhor perceber o que é uveíte ocular, é necessário entender antes de mais, o que é a úvea.
A úvea é constituída pela íris, coróide e corpo ciliar. Estes dois últimos ficam situados entre a retina e a esclera (parte branca do olho), sendo responsáveis pelo fornecimento do fluxo de sangue às camadas mais profundas da retina. Quando existe inflamação da úvea e de acordo com a região afetada, podemos classificar anatomicamente a inflamação em três categorias: anterior, posterior e intermédia.
Dependendo do tempo de evolução da doença, a uveíte pode ser classificada em três tipos: aguda, sub-aguda e crónica. A uveíte aguda tem um início rápido, súbito ou insidioso. A uveíte crónica é caracterizada por uma recaída, inflamação persistente, pelo menos 3 meses após a interrupção do tratamento.
A uveíte ocular pode afetar apenas um ou os dois olhos. Quando afeta os dois olhos designamo-la por uveíte bilateral.
A uveíte é uma doença nos olhos que pode ser grave, levando, em situações extremas, à perda permanente da visão (cegueira). O diagnóstico e tratamento precoces são, por isso, importantes para evitar complicações graves.
Sinais e sintomas
Na uveíte, os sintomas são habitualmente os seguintes: · Olhos vermelhos; · Fotofobia (sensibilidade à luz); · Visão turva;
· Pupila irregular ou miose; · Dor ocular;
· Cefaleias; · Manchas escuras a flutuarem no campo visual “moscas volantes”;
· Nódulos inflamatórios de Busacca na superfície anterior da íris, nas uveítes anteriores granulomatosas;
· Sinéquias posteriores.
Embora os sintomas sejam muito semelhantes nos diferentes tipos, há pequenas diferenças que, geralmente, são associadas apenas à uveíte anterior, posterior e intermédia. Veja mais informação sobre os sintomas em cada um dos casos.
Causas
As causas podem ser de origem infeciosa (bactérias, fungos, vírus e protozoários), auto-imunes ou idiopática (causa desconhecida).
A uveíte é uma doença ocular geralmente isolada, mas que pode estar relacionada com outras doenças sistémicas. Veja mais informação em cada um dos tipos e fatores de risco para a uveíte.
Há várias doenças auto-imunes, geralmente, relacionadas com a inflamação da úvea:
· Doença de Behçet;
· Iridociclite heterocrómica de Fuchs;
· Granulomatose com poliangeíte;
· HLA-B27 uveíte relacionado;
· Artrite idiopática juvenil;
· Sarcoidose;
· Espondilo-artrite;
· Oftalmia simpática;
· Nefrite túbulo-intersticial e síndrome de uveíte.
A uveíte pode ser uma resposta imune ao combate de infeções no interior do olho.
Embora represente uma minoria dos doentes com uveíte, estas infeções podem incluir:
· Brucelose;
· Leptospirose;
· Doença de Lyme;
· Síndrome de histoplasmose ocular presumida;
· Sífilis;
· Toxocaríase;
· Toxoplasmose;
· Tuberculose.
Os fatores de risco para contrair uveíte são os seguintes:
· Predisposição genética- os indivíduos com alterações em determinados genes podem ser mais propensos a desenvolver a doença;
· Contrair uma infeção. Uma série de infeções, como a toxoplasmose, tuberculose, herpes, sífilis, entre outras podem aumentar o risco de contrair uveíte;
· Existência de doença auto-imune ou inflamatória. Este tipo de doenças, como por exemplo: doença de Behcet, espondilite anquilosante, sarcoidose, artrite psoriática, doença de Crohn, entre outras;
· História de lesão ocular. Trauma ocular também é um dos fatores que pode causar uveíte. É inclusive possível desenvolver uveíte no olho que não foi traumatizado.
Na uveíte anterior, em cerca de metade dos casos, não se encontra qualquer patologia sistémica associada. No entanto, muitas vezes, a uveíte anterior está relacionada com a espondilite anquilosante (HLA-B27+). A presença deste tipo de alelo HLA no sangue apresenta o risco de evolução para esta doença em aproximadamente 50% das vezes.
A forma mais frequente é a uveíte anterior aguda. Cerca de 50% das vezes, está associada ao HLA-B27. O HLA-B27 pode ser associado com inflamação ocular isoladamente ou em associação com doença sistémica. HLA-B27 possui características clínicas, incluindo a predominância do sexo masculino, unilateral alternado início agudo, uma aparência não-granulomatosa, e repetições frequentes.
Uveíte tem cura?
A uveíte tem cura, sendo que em primeiro lugar deve ser efetuado o diagnóstico etiológico (causa) e consequentemente a medicação correspondente (tratamento).
Tratamento
O tratamento da uveíte faz-se, na maioria dos casos, através de corticóides, cicloplégicos, imunossupressores e anti-inflamatórios não esteróides. Para saber mais sobre o tratamento veja mais detalhes em cada um dos tipos de uveítes, conforme descrevemos de seguida.
Classificação
As uveítes podem ser classificadas anatomicamente em três categorias: anterior, posterior e intermédia, conforme a região do olho que está afetada.
Habitualmente, as uveítes apresentam-se do seguinte modo:
· Uveíte anterior (irite, iridociclite);
· Uveíte posterior (coriorretinite, retinite e coroidite);
· Uveíte intermédia (pars planite);
Designamos por pan-uveíte quando a inflamação afeta todas as estruturas da úvea
A miopia é um erro refrativo do globo ocular no qual a imagem dos objetos no olho é focada incorretamente, isto é, os objetos são focados à frente da retina, fazendo com que a visão dos objetos distantes pareça turva.
Para melhor perceber o significado de miopia, imagine a imagem de um dado objeto a passar através do olho. A imagem com visão normal deve formar-se na retina. Esta, posteriormente, transmite as informações ao cérebro através do nervo ótico.
No olho com miopia, a imagem não é formada corretamente na retina – mas sim à frente da retina. Assim, a imagem transmitida ao cérebro não corresponde à imagem correta (veja imagem superior).
O míope é o indivíduo que padece de miopia e que apresenta dificuldade em ver ao longe. Um doente míope pode ler facilmente a tabela de Jaeger (leitura de perto), mas possui dificuldades para ler a tabela de Snellen (leitura de longe).
Por se tratar de um problema de visão muito comum (ver mal), por vezes, o significado de míope é também utilizado noutros contextos.
Sintomas
Um dos principais sintomas da miopia é ver mal ao longe. Uma pessoa míope vê claramente os objetos próximos, todavia os objetos distantes ficam turvos. Semicerrar os olhos pode fazer com que os objetos distantes pareçam mais nítidos.
Frequentemente, a miopia é notada pela primeira vez nas crianças na escola. Muitas vezes, as crianças não conseguem ver perfeitamente para o quadro, contudo conseguem ler um livro facilmente (diferença entre visão de perto e de longe).
A miopia vai piorando com a idade. Os míopes necessitam de trocar de óculos ou lentes de contato com frequência. Normalmente, a miopia estabiliza aos 20 anos de idade. Outros sinais e sintomas da miopia podem surgir, como por exemplo, a fadiga ocular (“vista cansada”), dores de cabeça e o semicerrar dos olhos para ver melhor. Veja, em seguida, o que causa a miopia.
Causas
Embora se desconheçam de forma exata as causas da miopia, é sabido que as pessoas com história familiar de miopia apresentam mais probabilidade de vir a desenvolvê-la. A miopia afeta homens e mulheres de igual forma.
As causas da miopia podem ser três:
1º Alteração da curvatura da córnea (a mais frequente), isto é, a córnea é mais curva que o normal e leva à formação da imagem dos objetos antes de chegar à retina.
2º Axial – a miopia ocorre quando o comprimento do olho é maior do que o comprimento ótico. Tratam-se de miopias de grau elevado e, geralmente, evolutivas ao longo da vida. Veja mais em miopia patológica.
3º Miopia de índice – é uma miopia tardia que aparece, normalmente, depois dos 60 anos, quando as pessoas têm cataratas nucleares. Estas levam ao aumento do índice refrativo do cristalino, permitindo uma boa acuidade visual ao perto, mesmo sem óculos.
Relativamente ao diagnóstico da miopia, existem diferentes exames que devem ser efetuados. O exame oftalmológico, pode incluir:
· Teste de refração para determinar o grau correto do erro refrativo;
· Acuidade visual à distância (Snellen) e de perto (Jaeger);
· Exame da retina, mácula e disco ótico;
· Exame na lâmpada de fenda do segmento anterior do olho;
· Medição da pressão ocular (Tonometria);
· Teste de visão das cores;
· Testes dos movimentos oculares;
· Pentacam (mapas topográficos e paquimetria).
Miopia tem cura?
A miopia não tem cura, contudo, se corretamente diagnosticada pode ser tratada de modo a corrigir o erro refrativo. Os meios para corrigir a miopia, na atualidade, permitem restituir uma vida perfeitamente normal aos miopes. De igual modo, a miopia com astigmatismo também não tem cura, mas podem ser corrigidos os dois erros refrativos, restabelecendo uma boa acuidade visual aos doentes.
Saiba, em seguida, como corrigir a miopia.
Correção
No que diz respeito ao tratamento ou correção da miopia, esta pode ser corrigida com óculos, essencialmente, até aos quinze anos de vida, podendo a partir desta idade também ser tratada com lentes de contacto. A correção da miopia através de cirurgia também é possível depois dos vinte anos e caso a miopia esteja estabilizada (veja mais em tratamento cirúrgico). O médico oftalmologista, após uma observação atenta do doente e dos resultados dos exames, deverá decidir qual o tratamento para miopia mais indicado. Ou seja, existem diferentes formas para corrigir a miopia, sendo que a melhor solução para um dado doente, pode não o ser para outro.
Cirurgia
A partir dos vinte anos, caso a miopia esteja estabilizada, esta pode ser corrigida através de laser (cirurgia de miopia LASIK ou PRK) até às 8 dioptrias ou através de lentes intra-oculares de câmara anterior ou posterior, se não existir indicação para cirurgia a laser.
A miopia pode também ser corrigida em doentes com mais de 45-50 anos através de lentes intra-oculares multifocais colocadas no saco capsular após facoemulsificação.
Os resultados são ótimos se tivermos em linha de conta as indicações e contra-indicações das técnicas cirúrgicas, embora nem todos os doentes possam ser sujeitos a este tipo de cirurgia. Os maiores riscos e complicações estão mesmo relacionados com a má seleção dos doentes a serem submetidos a este tipo de intervenção cirúrgica.
A hipermetropia é um erro refrativo em que as imagens se formam atrás da retina. Para melhor perceber o significado de hipermetropia ocular, imagine a imagem de um dado objeto a passar através do olho. Essa imagem é focada de modo a convergir para um ponto situado a uma dada distância. Com visão normal este ponto de convergência, onde a imagem é focada, é a retina. Ou seja, num olho normal a imagem deve formar-se na retina. Por sua vez, a retina transmite as informações ao cérebro através do nervo ótico.
No olho com hipermetropia, ou hipermetrope, a imagem não é formada corretamente na retina – mas sim formada por trás. Logo, a imagem transmitida ao cérebro não é a imagem correta (veja fotos superiores).
O doente vê mal ao perto e ao longe e para que as imagens sejam nítidas, este efetua um grande esforço ocular.
Sintomas
Fadiga ocular (“vista cansada”) e dores de cabeça são os primeiros sintomas de hipermetropia. O esforço que o doente realiza para superar a deficiência pode estar na origem destas manifestações, mais frequentes ao fim da tarde e depois do trabalho ou da leitura.
Até aos 35/40 anos, idade em que a capacidade de acomodação começa a diminuir, uma baixa hipermetropia passa frequentemente despercebida.
Uma grande hipermetropia, pelo contrário, é facilmente perceptível na criança por ser, muitas vezes, acompanhada de estrabismo acomodativo, devendo ser corrigido o mais rapidamente possível.
Por isso, é importante saber o que é hipermetropia e como corrigir este erro refrativo, pois pode causar inúmeros sintomas que retiram muita qualidade de vida aos doentes.
Causas
A hipermetropia pode ter duas causas essenciais: ou pela córnea ter a sua curvatura alterada, isto é ser mais plana que o normal, ou porque o comprimento do olho é menor em relação à normalidade. Os grandes valores de hipermetropia, normalmente, estão relacionados com hipermetropias hereditárias.
Hipermetropia tem cura?
Infelizmente, a hipermetropia não tem cura. Contudo, os métodos de correção atualmente disponíveis permitem oferecer aos doentes com hipermetropia uma vida perfeitamente normal. Veja de seguida como corrigir, ou tratar, a hipermetropia.
Tratamento
Na hipermetropia, o tratamento (correção do erro refrativo) pode ser efetuado com óculos, lentes de contacto ou a partir dos 20 anos, o doente pode ser operado através de laser (LASIK). A hipermetropia pode ainda ser corrigida com a utilização de lentes intra-oculares consoante as condições anatómicas do globo ocular.
Se o doente tiver mais de 45 anos, o tratamento para hipermetropia pode ser efetuado através da facoemulsificação com lentes multifocais intra-oculares permitindo boa acuidade visual em todas as distâncias sem óculos.
Lentes para Hipermetropia
A hipermetropia pode compensar-se com a utilização de uma lente para hipermetropia convergente (convexa), que leva à focagem da imagem na retina.
Estas lentes são mais espessas no centro do que na periferia e a diferença de espessura é tanto maior quanto maior for a hipermetropia.
Cirurgia
A cirurgia de hipermetropia pode ser realizada através de laser (LASIK) ou lentes intra-oculares. A cirurgia para hipermetropia permite a correção do erro refrativo, contudo, nem todos os doentes reúnem as condições necessárias para serem submetidos à operação.
O estrabismo caracteriza-se por um desequilíbrio na função dos músculos oculares, fazendo com que os dois olhos não fixem o mesmo ponto ou objeto ao mesmo tempo.
No estrabismo ocular, enquanto um dos olhos fixa um objeto o outro está desviado (desvio dos olhos). O desvio dos olhos pode ser permanente ou aparecer apenas em determinados momentos. Este desvio pode ser pouco percetível (estrabismo leve) ou, então, ser mais acentuado causando neste caso, um claro desconforto ao doente por motivos estéticos, para além dos problemas de visão que todos os estrabismos acarretam.
A estrábica (ou o estrábico) é a/o doente que padece de estrabismo. Desvio dos olhos ou desvio nos olhos, estrabismo ocular, desvio ocular, olho estrábico são todas elas formas de nos referirmos ao estrabismo.
Causas
No estrabismo, as causas podem ser diversas como veremos de seguida. São seis os músculos extraoculares em cada olho que controlam os movimentos dos globos oculares. Para focarmos ambos os olhos no mesmo objeto, todos os músculos dos olhos devem trabalhar de forma harmoniosa, cinérgica e síncrona.
O cérebro através da imagem controla os movimentos destes músculos, por via de impulsos nervosos de excitação e inibição, de forma que quando um músculo de um olho contrai o seu antagonista relaxa. Assim, doenças que afetem o cérebro, como tumores, acidentes vasculares cerebrais (AVC), paralisia cerebral (isquemia), hidrocefalia, Síndroma de Down e de Duane, prematuridade, viroses e traumas são acompanhadas frequentemente de estrabismo primário ou secundário.
O estrabismo em adultos é raro e os mais frequentes são os adquiridos, resultantes de traumatismos cranianos ou devido a problemas vasculares (tromboses).
Normalmente, a causa do estrabismo em adultos está relacionada com as seguintes doenças:
· Botulismo;
· Diabetes (estrabismo paralítico – vascular);
· Síndrome de Guillain-Barré;
· Perda de visão (cegueira);
· Traumatismo cerebral.
No estrabismo, a existência de história familiar constitui um fator de risco para o problema (estrabismo hereditário).
Uma das causas de estrabismo pode ser a hipermetropia, particularmente em crianças e que é tratado com o uso de óculos. A perda de visão provocada por certas doenças, também pode causar estrabismo.
Sintomas
No estrabismo, os sintomas podem fazer-se sentir de uma forma permanente ou podem ser intermitentes.
As pessoas com estrabismo podem apresentar diferentes sinais e sintomas, mediante o tipo de estrabismo em causa. Os sintomas e sinais de estrabismo mais frequentes são, habitualmente, os seguintes:
· Olhos cruzados (desviados);
· Olhos que não se alinham na mesma direção;
· Diplopia (visão dupla);
· Perda de esteriopsia (perceção de profundidade);
· Movimentos oculares descoordenados (olhos não se movimentam juntos).
Normalmente não há sintomas no estrabismo congénito, ao contrário do adquirido em que o doente se queixa de diplopia (visão dupla), porque os eixos óticos não estão dirigidos em simultâneo para o mesmo objeto e não há supressão de imagem num dos olhos.
Direção e ângulos
Podemos agrupar os estrabismos em relação à direção e ângulos do desvio dos olhos (veja imagens superiores).
Em relação à direção para a qual um olho se desvia relativamente ao olho que se mantém fixo:
· Convergente ou esotropia (endotropia) – o olho desvia-se para dentro;
· Divergente ou exotropia – o olho desvia-se para fora;
· Vertical – o olho desvia-se para baixo ou para cima.
Relativamente ao ângulo de desvio:
· Concomitante – se o ângulo de desvio é constante em todas as direções;
· Paralítico – se o ângulo de desvio varia conforme a direção do olhar.
Estrabismo tem cura?
Na larga maioria dos casos, o estrabismo tem cura. A cura do estrabismo passa sempre por uma intervenção cirúrgica aos músculos extraoculares, exceto no estrabismo acomodativo em que a cura passa pela correção ótica (hipermetropia) com óculos ou lentes de contacto (correção de estrabismo).
Tratamento do estrabismo
Para melhor perceber o tratamento ou correção do estrabismo dividimo-lo em tratamento na criança (estrabismo infantil) e tratamento no adulto.
Tratamento do estrabismo na criança
A primeira medida a ser tomada no que diz respeito ao tratamento do estrabismo em crianças (infantil) é a prescrição de óculos, caso haja necessidade. No estrabismo acomodativo, o tratamento passa pela correção do erro refrativo (hipermetropia) através da prescrição de óculos. A ambliopia ou olho preguiçoso deve ser tratado o mais breve possível, colocando um oclusor sobre o olho com boa visão. Esta medida forçará o olho mais fraco a fixar os objetos e a estimular a visão.
Se os olhos estiverem desalinhados, pode ser necessário realizar uma intervenção cirúrgica aos músculos extraoculares. Geralmente, a intervenção cirúrgica é realizada entre os 3 e os 6 anos de idade, consoante a escolha pelas teorias da escola Francesa ou Americana. O uso de óculos é independente da uma intervenção cirúrgica.
Tratamento do estrabismo no adulto
Nos adultos com estrabismo latente (forias), o uso de óculos, caso apresentem erro refrativo e exercícios de ortótica pode ser útil na manutenção do alinhamento dos olhos.
As formas de estrabismo manifesto no adulto precisam de uma intervenção cirúrgica ocular para endireitar os olhos.
Se o estrabismo ocorreu por causa da perda de visão, esta terá de ser, primeiramente, corrigida e só, posteriormente, se avançará para a realização de intervenção cirúrgica para que esta seja bem sucedida.
Se as correções dos erros refrativos são importantes em qualquer pessoa, no doente com estrabismo a sua correção é fundamental, sendo normalmente efetuada através do uso de óculos.
Exercícios
Nos doentes com estrabismo latente (forias), a realização de exercícios de ortótica, podem ser úteis na manutenção do alinhamento dos olhos assim como no alívio de alguma sintomatologia, nomeadamente cefaleias e astenopia (cansaço ocular).
Cirurgia
A cirurgia de estrabismo (ou operação ao estrabismo) é a técnica cirúrgica que permite corrigir o problema (cirurgia para correção de estrabismo). Contudo, antes de se efetuar a cirurgia é necessário efetuar a correção refrativa (óculos) e o tratamento da ambliopia caso exista.
A cirurgia para estrabismo deve ser realizada se houver indicação cirúrgica. No entanto, nos estrabismos paralíticos nunca deve ser realizada a operação mesmo que tenha indicação antes de 6 meses a um ano após a ocorrência do estrabismo.
O tratamento do estrabismo manifesto, passa em primeiro lugar por averiguar se o doente apresenta ou não erro refrativo. Em segundo lugar, detectar se existem ambliopias (perdas de visão fisiológicas) num dos olhos. Se existirem é fundamental o seu tratamento o mais cedo possível, uma vez que a partir dos 7-8 anos a perda visual (ambliopia) é irreversível.
Depois de cumpridos estes dois passos essenciais, vem a fase do tratamento estético (cirúrgico) por volta dos 3 aos 6 anos. Quanto à técnica cirúrgica, será realizada consoante o tipo de estrabismo em causa.
Se o estrabismo for adquirido (paralítico), só após tratamento médico com oclusão de um dos olhos para evitar a diplopia, durante seis meses pelo menos, é que se deve pensar em cirurgia de correção de estrabismo (se tiver indicação cirúrgica), sendo os resultados quase sempre insatisfatórios.
Existe, por vezes, bastante confusão com as técnicas cirúrgicas no estrabismo, muitas vezes, associadas ao laser, sendo confundidas com as técnicas de correção dos erros refrativos (miopia, astigmatismo, hipermetropia) com laser. A cirurgia de estrabismo não é possível ser efetuada com esta tecnologia, ou seja, não existe qualquer técnica cirúrgica de estrabismo realizada com laser.
TRANSPLANTE DE CÓRNEA:
O transplante de córnea, também conhecido como ceratoplastia, é uma cirurgia na qual uma parte danificada ou doente da córnea é substituída por uma córnea doada de um doador falecido. A córnea é o tecido transparente e convexo que cobre a parte frontal do olho, desempenhando um papel crucial na focalização da luz para a formação da visão.
Indicações para o Transplante de Córnea:
• Ceratocone: Uma condição em que a córnea se torna fina e cônica, afetando a visão.
• Cicatrizes Corneanas: Lesões ou infecções que levam à formação de cicatrizes na córnea.
• Distrofias Corneanas: Condições hereditárias que causam a degeneração da córnea.
O Processo do Transplante:
Impacto na Qualidade de Vida:
• Restauração da Visão: O transplante de córnea frequentemente resulta em uma melhoria significativa ou completa da visão.
• Alívio de Sintomas: Redução de dores oculares, fotofobia e outros desconfortos associados a condições corneanas.
• Retorno à Normalidade: Muitos pacientes retomam suas atividades diárias e desfrutam de uma vida mais ativa após o procedimento.
Doação de Córnea: Um Ato de Generosidade:
Para que o transplante de córnea seja possível, é crucial contar com doadores. A doação de córnea é um ato nobre que oferece a oportunidade de trazer luz para a vida de outra pessoa.
Conclusão:
O transplante de córnea não é apenas uma intervenção médica; é uma segunda chance para enxergar a beleza do mundo que nos rodeia. Ao promover a conscientização sobre esse procedimento, esperamos inspirar mais pessoas a considerarem a doação de córneas e, assim, contribuírem para a restauração da visão e a transformação de vidas.
Se você deseja saber mais sobre o transplante de córnea, estamos aqui para responder a suas dúvidas e fornecer o suporte necessário. Juntos, podemos iluminar caminhos e criar um impacto positivo nas vidas daqueles que enfrentam desafios visuais.